– Mas eu te amo – ela disse, com as lágrimas escorrendo pelo
rosto.
Era um teatro, eu sabia. A voz do meu senso dizia: “tenha
dó”. Mas eu não tinha, e nem conseguia ter, por mais que eu tentasse. Não sei
se sou uma pessoa muito fria, mas, naquele momento, nada me esquentava. Eu me
virei naquela vasta sala de estar, enquanto ela estava sentada no sofá, e andei
em direção ao vinho. Enchi a taça e dei um gole.
– Você não entende? Tudo o que fiz por você, todo o amor que
te dei, veio daqui de dentro e foi o mais puro que eu poderia te dar. Ninguém
vai te amar como eu! – ela continuava seu teatro, batendo em seu peito, agora
ainda mais escandalizado. – Eu estou sofrendo por você, e sofreria cada vez
mais até você voltar pra mim.
Eu não conseguia manter meu olhar nela. Na verdade, ela me
dava nojo. Porque cada vez que eu a olhava eu precisava me segurar para não
agredi-la. Nunca fui um homem correto. Mas era tortuoso imaginá-la na cama com
outro homem, como ela o fez.
Eu me aproximei dela e a olhei nos olhos pela última vez,
dizendo friamente:
– Eu não ligo.
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